O povo vota em ninguém

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Como Haverá União Se Não Há Nem Respeito

União Entre Punx...

Uma Coisa Que Na Minha Visão De Punk e Meio Que Impossível.
Pois Todos Somos Punx, Mas Não e um Punk Geral só que Existe
Existe Suas Divisões, e Coisas que Cada Divisão Acredita.
Umas Mais Ligadas A Musica Outras Mais Ligadas a Ações Sociais.
E Como Estou Nesse Pedaço do Planeta Terra Que Denominaram Brasil.
Vou Fala Do Pouco Que Conheço da Cultura Punk Do Brasil .
Pouco Pois não conheço a Cena em Todos os Lugares.
Então Mas Enfim . o Que Eu Vejo e Muitas Cobranças De Postura de Indivíduos...

Mas o que Eu também Vejo e que Os Mesmo Cobram Posturas Sendo Que Eles Mesmos Não Tem Nenhuma Postura. Pessoas Que Dão Tudo Para o Movimento Punk.
Mas e Só Tocar Na Sub-Divisões Do Punk Que Cai Em Tona o que ele Quer Dentro do Movimento.
Bom eu Como Individuo Punk Procuro Sempre Respeitar Quem Se Julga Punk Sendo ele de Qualquer Sub-Divisão Do Punk. Pode Ser ele Anarco-Punk,Street Punk , Punk Hardcore, Punk 77 e Outros.
Não Julgo Nem Cobro Posturas.

Acho que Cada individuo Vai Aprender Dentro do Punk ou vai Desistir.
Só o Tempo Diz quem E Realmente Punk.
Bom e Claro que Não Concordo com Tudo Das Ideias de Cada Punk. Mas Respeito, e Procuro Sempre Estar Trocando Ideias, Debatendo e Etc.
Mas Tem Gente Que Nem Se Quer Procura Saber Qual a Ideia de Outros Indivíduos. Pessoas que acha que Sua Ideia Que ele Adotou de Tal Estilo de Punk e a Correta e o resto e Fuleragem.
Então Pra Finalizar Eu Falo Se e Impossível a União Dentro do Punk Que tal Respeitar cada Individuo e o que ele Acredita.

ANARQUISMO E ECOLOGIA

O anarquismo não se limita apenas a idéia de criar comunas independentes. E, se me detive a examinar esta possibilidade, foi apenas para demostrar que, longe de ser um ideal remoto, a sociedade anarquista tornou-se um pré-requisito para a prática dos princípios ecológicos. Sintetizando a mensagem crucial da ecologia, diremos que, ao reduzir a variedade no mundo natural, estaremos aviltando sua unidade e integridade, destruindo as forças que contribuem para a harmonia natural e para o equilíbrio duradouro e, o que é ainda mais importante, estaremos provocando um retrocesso no desenvolvimento do mundo natural. Retrocesso que poderá eventualmente, impedir o aparecimento de outras formas mais avançadas de vida.

Sintetizando a mensagem reformadora da ecologia, poderíamos afirmar que, se desejamos promover a unidade e estabilidade do mundo natural, tornando-o mais harmonioso, precisamos estimular e preservar a variedade. Mas estimular a variedade pela variedade seria um vazio. Na natureza, ela surge espontaneamente.

As possibilidades de sobrevivência de uma nova espécie são testadas pelos rigores do clima, pela sua habilidade em enfrentar seu inimigos, pela sua capacidade de estabelecer e ampliar o espaço que ocupa no meio ambiente. Entretanto, qualquer espécie que consegue aumentar seu território estará, ao mesmo tempo, ampliando a situação ecológica como um todo. Citando A. Gutkind, ela estará "ampliando o meio ambiente tanto para si própria quanto para qualquer outra espécie com a qual mantenha um relação equilibrada".


Como aplicar este conceito a teoria social? Creio que para muitos leitores bastaria dizer que, na medida que o homem é parte da natureza, a ampliação do meio ambiente natural implicaria um maior desenvolvimento social. Mas a resposta para essa pergunta é bem mais profunda do que poderiam supor ecológicos e libertários. Permintam-me retornar mais um vez a idéia ecológica que afirma ser a diversidade uma consequência da integridade e do equilíbrio. Tendo em mente essa idéia, o primeiro passo para encontrar a resposta seria a leitura de um trecho da Filosofia do anarquismo de Herbert Read, onde, ao apresentar seus "critérios de progresso", ele observa que o progresso pode ser mediado pelo grau de diferenciação existente na sociedade. Se o indivíduo é apenas uma unidade da massa coletiva, sua vida será limitada, monótona e mecânica. Mas, se ele for uma unidade independente, poderá estar sujeito a acidentes ou azares da sorte, mas ao menos terá a chance de crescer e expressar-se. Poderá desenvolver-se - no único sentido real do termo - na consciência de sua própria força, vitalidade e alegria.


Embora não tenha encontrado seguidores, as idéias de Read nos fornecem um importante ponto de partida. O que primeiro nos chama a atenção é o fato de que, tanto ecologista como anarquista ressaltam a importancia da espontaneidade.


Na medida em que é mais que um simples técnico, o ecologista tem um tendência a desprezar o conceito de "domínio sobre a natureza" preferindo falar em "conduzir" uma situação ecológica, em gerir um ecossistema, em vez de recría-lo. O anarquista, por sua vez, fala em espontaneidade social, em libertar o potencial da sociedade e da humanidade, em dar rédeas soltas a criatividade humana. Ambos vêem na autoridade uma força inibidora, um peso que limita o pontencial criativo de uma situação natural ou social.


Assim como o ecologista procura ampliar o alcance de um ecossistema e estimular a livre ação recíproca entre as espécie, o anarquista busca ampliar o alcance da experiência social e remover os obstáculos que possam impedir seu desenvolvimento. O anarquismo não é apenas uma sociedade sem governo, mas uma sociedade harmoniosa que procura expor o homem a todos os estímulos da vida urbana e rural, da atividade física e mental, da sensualidade não reprimida e da espiritualidade, da solidariedade ao grupo e do desenvolvimento individual. Na sociedade esquizóide em que vivemos, tais objetivos não só são considerados irreconciliáveis, como diametralmente opostos.


Uma sociedade anaquista deveria ser descentralizada, não apenas para que tivesse condições de criar bases duradouras que garantissem o estabelecimento de relações harmoniosas entre o homem e a natureza, mas para que fosse possível dar uma nova dimensão ao relacionamente harmônico entre os próprios homens. Há uma necessidade evidente de reduzir as dimensões das comunidades humanas - em parte para solucionar os problemas da poluição e em parte para que pudéssemos criar verdadeiras comunidades. Num certo sentido, seria necessário humanizar a humanidade. O uso de aparelhos eletrônicos, tais como telefones, telégrafos, rádios e televisão, como forma de intermedia a relação entre as pessoas, deveria ser reduzido ao mínimo necessário.


As comunidade menores teriam uma economia equilibrada e vigorosa, em parte para que pudessem utilizar devidamente as matérias-primas e as energias locais, e em parte para ampliar os estímulos agrícolas e industrias. O membro da comunidade que tiver inclinação para engenharia, deveria ser encorajado a mergulhar suas mãos na terra, o intelectual a usar seu músculos, o fazendeiro a conhecer o funcionamento da fábrica. Separa o engenheiro da terra, o pensador da espada, o fazendeiro da fábrica, gera um grau de superespecialização, onde os especialistas assumem um perigoso controle da sociedade.


Uma comunidade auto-suficiente, que dependesse do meio ambiente para sua subsistência, passaria a sentir um novo respeito pelas inter-relações orgânicas que garantem sua sobrevivência. Creio que longe de resultar em provincianismo, essa relativa auto-suficiencia criaria uma nova matriz para o desenvolvimento do indivíduo e da comuna - uma integração com a natureza que revitalizaria a comunidade.


Se algum dia tivermos conseguido ter na prática uma verdadeira comunidade ecológica, ela produzirá um sensível desenvolvimento na diversidade natural, formando um todo harmônico e equilibrado. E, estendendo-se pelas comunidades, regiões e continentes, veremos surgir diferentes territórios humanos e diferente ecossistemas, cada um deles desenvolvendo suas próprias potencialidades e expondo seus membros a uma grande variedade de estímulos econômicos, culturais e de conduta. As diferenças que existem entre indivíduos serão respeitadas como elementos que enriquecem a unidade da experiência e do fenômeno. Libertos de uma rotina monótona e repressiva, das inseguranças e opressões, da carga de um trabalho demasiado penoso e das falsas necessidades, dos obstáculos impostos pela autoridade e das compulsões irracionais, os indivíduos estarão, pela primeira vez na história, numa posição que lhes permitirá realizar seu potencial como membros da comunidade humana e do mundo natural.


Murray Bookchin
(em: O Anarquismo Pós-Escassez, 1974)

O que é anarquismo verde?

O anarquismo verde ou ecoanarquismo é uma corrente filosófica que enfatiza a importância do meio ambiente para o bem-estar da humanidade e do planeta


Por Yuri Vasconcelos


Presente em vários países, surgiu ofi cialmente em 1982 com a criação da Associação Internacional de Anarquistas Verdes. Assim como as demais vertentes anarquistas, pauta-se pela rejeição a qualquer forma de dominação ou de hierarquia social, política ou econômica. Nesse sentido, faz uma crítica feroz a instituições como o Estado, o capitalismo, a globalização, a industrialização, o patriarcalismo, a ciência e a tecnologia. Esta última, dizem os anarquistas verdes, é responsável pela exploração desmedida dos recursos naturais, que leva à destruição de rios, florestas e outros ecossistemas. Para os ecoanarquistas, esse modelo de civilização é essencialmente destrutivo e explorador do homem e da natureza e, por isso, não pode ser reformado - deve ser rejeitado e substituído.

Os seguidores do movimento defendem a construção de um novo modelo social baseado, por exemplo, em ecovilas. Eles também dão mais importância à instituição familiar que ao trabalho e fazem uma veemente defesa dos animais, colocando-se contra seu confinamento em granjas, pastos ou currais ou contra o uso de cobaias em experimentos científicos.



Luiggi Rocco



Presente em vários países, surgiu ofi cialmente em 1982 com a criação da Associação Internacional de Anarquistas Verdes. Assim como as demais vertentes anarquistas, pauta-se pela rejeição a qualquer forma de dominação ou de hierarquia social, política ou econômica. Nesse sentido, faz uma crítica feroz a instituições como o Estado, o capitalismo, a globalização, a industrialização, o patriarcalismo, a ciência e a tecnologia. Esta última, dizem os anarquistas verdes, é responsável pela exploração desmedida dos recursos naturais, que leva à destruição de rios, florestas e outros ecossistemas. Para os ecoanarquistas, esse modelo de civilização é essencialmente destrutivo e explorador do homem e da natureza e, por isso, não pode ser reformado - deve ser rejeitado e substituído.





Os seguidores do movimento defendem a construção de um novo modelo social baseado, por exemplo, em ecovilas. Eles também dão mais importância à instituição familiar que ao trabalho e fazem uma veemente defesa dos animais, colocando-se contra seu confinamento em granjas, pastos ou currais ou contra o uso de cobaias em experimentos científicos.

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ENTENDENDO A ANARQUIA

A anarquia é uma filosofia política que engloba teorias, método e ações que objetivavam a eliminação total de todas as formas de governo compulsório.

De um modo geral, anarquista são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita e, assim, preconizam os tipos de organização libertarias.

Anarquia significa ausência de coerção e não a ausência da ordem.

As noções equivocadas de anarquia são sinônimas de caos se popularizou entre o fim do séc 19 e o inicio do séc 20, através dos meios de comunicação e de propaganda patronais, mantidos por instituições políticas e religiosas. Nesse período, em razão do grau elevado de organização dos segmentos operários, de fundo libertário, surgiram inúmeras campanhas antianarquistas. Outro equivoco banal é considerar "Anarquia" como sendo a ausência de laços de solidariedade (indiferença) entre os homens. À ausência de ordem - idéia externa aos princípios anarquista - dá se o nome de "anomia".

Passando da conceituação do Anarquismo à consolidação dos seus ideais, existe uma série de debates em torno da forma mais adequada para se alcançar e se manter uma sociedade anárquica.

Eles perpassam a necessidade ou não da existência de uma moral anarquista, de uma plataforma organizacional, questões referentes ao determinismo da natureza humana, modelos educacionais e implicações técnicas, cientificas, sociais e políticas da sociedade pós-revolução. Nesse sentido, cada vertente do Anarquismo tem uma linha de compreensão, análise, ação e edificação política especifica, embora todas vinculada pelas idéias - base do Anarquismo.

O que realmente varia, segundo os teóricos são as ênfases operacionais.

Por que sou Anarquista?

Boa pergunta, mas vamos lá...

Certa vez essa pergunta veio a mim sem nenhum embasamento anterior, tampouco uma perspectiva futura. Foi uma curiosidade que uma pessoa tinha a meu respeito e quis tirar a dúvida.



Respondi assim:
Imagine que o mundo em que vivemos de repente encolheu-se bruscamente e agora concentrou-se exatamente na sua casa. O mesmo aconteceu com a população, que agora ficou reduzida à você, seu pai, sua mãe e sua irmã. A água que existe agora no mundo encontra-se no poço do quintal e toda a comida que existia foi reduzida aquela que fica na despensa da cozinha.

Imagine que nesta casa não havia autoridade, que todos vivam pacificamente sem ter a necessidade de mandar nem ser mandado. Se sua irmã quisesse comer uma fruta era só pegar na fruteira, se sua mãe quisesse assistir televisão era só ligar e se você precisasse usar o computador, não teria nenhuma dificuldade, bastava que fosse na sala e ligasse a máquina. Tudo funcionava no respeito ao próximo e usando o princípio da coletividade, ninguém tinha o poder de domínio sob a televisão, o computador, tampouco a comida. Na casa tudo pertencia a todos, não havia propriedade individual. Se um dia você precisasse usar o microondas e tivesse alguém usando-o, tu irias esperar que a pessoa terminasse de usar para que fosse sua vez. Agindo assim não havia brigas nem disputas na casa.

Eis que surge do além, seu irmão que há muito tempo perdeu-se na vida. Sua família acolheu-o por acreditar no apoio mútuo, que devemos ajudar as pessoas e assim, seremos ajudados.

Ele chega na casa e vai direto pro computador. Senta-se na cadeira, liga a máquina mas não usa. Você agora necessita terminar uma pesquisa e percebe que seu irmão não está usando o computador, apenas encontra-se sentado frente à ele. Você pergunta se ele está usando e ele diz que não. Tu perguntas se pode usa-lo e ele diz que depende. Você indaga qual a dependência. Ele diz que tu tens que ir na geladeira e pegar água pra ele beber, senão ele não vai deixar você usar a máquina e que a partir de agora o computador era dele e quem quisesse usa-lo tinha que fazer algum trabalho pra ele. Você não entende porque aquilo estava acontecendo mas vai pegar a água, visto que tu tinhas que fazer a pesquisa. Com o copo na mão, ele deixa você usar o computador.

Depois de uma hora de pesquisa, você vê sua irmã indo pra cozinha comer alguma coisa. Quando ela vai pegar uma banana, seu irmão diz que as frutas, como todos os mantimentos da casa agora pertence a ele. Para ela comer a banana, terás que arrumar a cama dele. Ela fica indignada, mas como estava com muita fome, vai lá arruma a cama e ele libera a banana.

Um pouco depois você observa sua mãe querendo assistir um pouco de televisão. Ao chegar lá, seu irmão está na frente da TV sem assistir nenhum programa e sua mãe pergunta se ele vai ver televisão. Ele diz que não. Então ela pede o controle remoto pra assistir um filme qualquer e ele diz que só faz isso se ela cortar as unhas do pé dele, porque a televisão a partir de agora era dele. Ela ficou muito triste porque o filho estava mandando-a fazer uma coisa e não pedindo. Como ela queria ver TV, cortou as unhas do autoritário.

No fim do dia você vê seu pai indo pro banheiro tomar um banho e quando ele abre o chuveiro não cai nenhuma gota d'água. Ele vai na caixa d'água e vê que está cheia. Seu irmão aparece e diz que seu pai só tomará banho se arrumar o guarda-roupa dele. A água a partir de agora pertencia ao seu irmão. Seu pai tentou usar a água mesmo contrariando seu irmão, mas não teve jeito. Teve que arrumar o guarda-roupa do filho para que pudesse usar a água para tomar banho.

No outro dia pela manhã, seu pai, sua mãe, sua irmã e você se reúnem para conversar a respeito do autoritarismo do seu irmão. Vocês decidiram que de agora em diante toda a comida, toda a água, todos os eletrodomésticos pertenciam à todos e todos poderiam usar sem precisar executar um trabalho qualquer, que não é certo que seu irmão seja o único dono das coisas da casa, que na realidade todos são donos e ao mesmo tempo ninguém tem o poder sob nenhuma dessas coisas. Seu irmão, acuado, resolve então aceitar a coletividade e negar todo o princípio da autoridade.

E assim a coletividade voltou e todos puderam usar as coisas sem ter que pedir nem fazer um favor pra ninguém.

Agora que terminou a história você pode abrir os olhos. Por não aceitar a exploração do homem pelo homem, por não admitir que alguém use a força pra impor algo à alguém e por acreditar que somos únicos, incopiáveis, livres e que devemos buscar uma sociedade usando o princípio da coletividade e o apoio mútuo, é que eu não sou capitalista, nem comunista e sim anarquista.

Anarcho-Punk

Anarcopunk é uma vertente do movimento punk que consiste de bandas, grupos e indivíduos que promovem políticas anarquistas.
Apesar de nem todos os punks apoiarem o anarquismo, o pensamento tem um papel importante na cultura punk, e o punk teve uma influência significativa no anarquismo contemporário. O termo "anarcopunk" é algumas vezes aplicado exclusivamente a bandas que fizeram parte do movimento anarcopunk original do Reino Unido na década de 70 e 80, como Crass, Conflict, Flux of Pink Indians, Subhumans, Poison Girls e Oi Polloi. Alguns utilizam o termo mais amplamente para se referir a qualquer música punk com conteúdo anarquista em sua letra. Essa definição mais ampla inclui bandas de crust punk e bandas d-beat como Discharge, e podem incluir bandas de hardcore punk dos Estados Unidos, como MDC, artistas de folk punk como This Bike Is a Pipe Bomb ou artistas em outros subgêneros.


História


Um crescimento no interesse popular ao anarquismo ocorreu durante os anos 1970 no Reino Unido após o nascimento do punk rock, em particular os gráficos influenciados pelo situacionismo do artista Jamie Reid, que desenhava para os Sex Pistols e o primeiro single da banda, "Anarchy in the UK". No entanto, enquanto que a cena punk inicial adotava imagens anarquistas principalmente por seu valor de choque, a banda Crass pode ter sido a primeira banda punk a expor ideias anarquistas e pacifistas sérias. O conceito do anarcopunk foi pego por bandas como Flux of Pink Indians e Conflict. O cofundador do Crass, Penny Rimbaud, disse que sente que os anarcopunks eram representantes do punk verdadeiro, enquanto que bandas como os Sex Pistols, The Clash e The Damned eram nada mais do que "fantoches da indústria musical".



Enquanto passavam os anos 1980, dois novos subgêneros da música punk evoluíram do anarcopunk: crust punk e d-beat. O crust punk, e seus pioneiros foram as bandas Antisect, Sacrilege e Amebix. O d-beat eram uma forma de música punk mais bruta e rápida, e foi criada por bandas como Discharge e The Varukers. Um pouco depois, na mesma década, o grindcore desenvolveu-se do anarcopunk. Parecido com o crust punk, porém ainda mais extremo musicalmente (utilizava blast beats e vocais incompreensíveis), seus pioneiros foram Napalm Death e Extreme Noise Terror. Paralelamente ao desenvolvimento desses subgêneros, muitas bandas da cena hardcore punk dos Estados Unidos tinham a ideologia anarquista, incluindo MDC e Reagan Youth.

Crenças


O anarcopunk se parece muito com o anarquismo sem adjetivos, no sentido de envolver a cooperação de várias formas diferentes de anarquismo. Alguns anarcopunks são anarco-feministas (como Polemic Attack), enquanto outros eram anarcossindicalistas (Exit-Stance). O The Psalters, por exemplo, é uma banda anarcopunk afiliada ao anarquismo cristão.



A anarquia pós-esquerdista é comum no anarcopunk moderno. CrimethInc., um dos maiores proponentes do pós-esquerdismo, possui fortes ligações com o movimento. A Class War é uma federação pós-esquerdista britânica que também é muito ligada ao anarcopunk, e apoiada por bandas como Conflict. Muitos anarcopunks apóiam questões como direitos animais, igualdade racial, feminismo, ecologismo, anti-heterossexismo, autonomia trabalhista, movimento pacifista e o movimento antiglobalização. O pacifismo não é apoiado por todos anarcopunks.



Os punks, de modo geral, aproximam-se do anarquismo devido ao seu modo de ser, de negar e combater o autoritarismo, as fronteiras e os preconceitos impostos, porém, os anarcopunks assumem a política anarquista e seus modos de ação e organização, assim como seus princípios. Seus mais fortes modos de expressão cultural são a música, ou anti-música, a poesia e o visual "pesado" e agressivo, que procura refletir "todo o peso e imundície da sociedade em que vivemos".

A ética punk do "faça você mesmo"


Muitas bandas anarcopunk enfatizam uma ética "faça você mesmo" (do it yourself ou DIY em inglês). Um slogan popular do movimento é "DIY not EMI", que em inglês representa uma rejeição a uma grande gravadora (a EMI, no caso). Muitas bandas anarcopunk eram divulgadas na série de LPs Bullshit Detector, lançada pela Crass Records e Resistence Productions entre 1980 e 1994.



Alguns artistas anarcopunk faziam parte da cultura do cassete. Desta maneira, a rota tradicional gravação-distribuição era ignorada, já que as gravações eram feitas para quem enviasse uma fita em branco e um envelope endereçado a si mesmo. O movimento anarcopunk tinha sua própria rede de fanzines punk que disseminavam notícias, ideias e arte da cena. Todas essas fanzines eram DIY, produzindo, no máximo, centenas de unidades, apesar de haver exceções como a Toxic Grafity (sic). As zines eram impressas em fotocopiadoras ou máquinas duplicadoras, e distribuídas à mão em shows punk e por correio. Ainda hoje se pode encontrar diversos exemplares de zines e demais manifestações feitas por anarcopunks.



Ação Direta

Os anarcopunks acreditam universalmente na ação direta, apesar da maneira com que isso se manifesta varia muito. Mesmo com suas diferentes abordagens, geralmente há cooperação dentro do movimento.
Muitos anarcopunks são pacifistas (como Crass e Discharge) e acreditam na utilização de meios não-violentos para alcançar seus objetivos, que incluem protesto pacífico, recusa a trabalhar, sabotagem econômica, ocupação, revirar resíduos, pichação, realizar boicotes, desobediência civil, "hacktivismo" e alterar material publicitário contra o anunciante. Outros anarcopunks acreditam que a violência é um modo aceitável de alcançar a mudança social (como Conflict e D.O.A.). Isso se manifesta por tumultos, vandalismo, corte de fios, assaltos, participação em atividades "estilo Frente pela Liberação dos Animais", e, em casos extremos, usar bombas.

O símbolo do A num círculo, frequentemente associado ao anarcopunk


Alguns anarcopunks, principalmente na América do Norte, buscaram utilizar o processo democrático para trazer suas regiões mais próximas à anarquia, apesar de nenhum ter concorrido como membro de um partido anarquista. Entre os que tentaram, estão o líder dos Dead Kennedys, Jello Biafra, para prefeito de São Francisco, o cantor do T.S.O.L., Jack Grisham, a governador da Califórnia e o cantor principal do D.O.A., Joey Shithead. Alguns desses, como Biafra, acreditam que a mudança social maior é necessária antes de os humanos estarem prontos para a anarquia.



Política de Identificação

O anarcopunk foi destacado como um dos fenômenos sociais que levou o anarquismo na direção da política de identidade. Alguns alegam que o visual tornou-se um ingrediente essencial do movimento, algumas vezes obscurecendo outros fatores, apesar de outros alegarem que os artistas que se alinharam com o anarcopunk envolveram-se em diversas abordagens no formato e na ideologia, exemplificado pela variedade de bandas do movimento. Do mesmo modo, freqüentemente é dito que o visual era simplesmente uma representação da ética associada ao anarquismo (crença anti-corporação e DIY).



 Anarco-punk no Brasil

A vertente brasileira do movimento anarco-punk tem diversos nomes, pessoas, ideias e produções. São realizados encontros anualmente, em caráter nacional e regional. Vale destacar os encontros anarco-punk ocorridos na região nordeste do país, ocorrendo desde 1999. Bandas, zines, patches, tudo formando um grande conjunto de ideias, próprias de movimentos de contestação social. Alguma bandas anarco-punk do Brasil: Discarga Violenta(RN), Destroçus(rip/RN), Escato(BA), Nebulo Quidam(PE), Derriba tus muros(rip/PE), Abuso Sonoro(SP), Desecration(SP), Neurastenia(BA), Indigestus(CE), Grillus-Sub(CE), Defeito-Neuro-Cervical(PE), Última Marcha(MA), Lixo Urbano(rip/SC), Guerra De Classes(rip/RS?SC?), Execradores(rip/SP), Livre Associação De Idéias(rip/PR), Difekto(rip/SC/PR/RS?), Abutry(RN),Exclusos (BA),etc.

Ser Ou Não Ser Anarquista


Video do texto abaixo.
O áudio não esta muito bom mas dá para entender
Voz de Raquel do windows
Qual deve ser a posição do anarquista e dos grupos que se dizem anarquistas em relação à sociedade atual? Considerando uma espécie de cicatriz que o termo "anarquia" carrega, cicatriz que se traduz em preconceitos, idéias equivocadas e em lugar-comum por parte da população, deveria o anarquista repensar sua atitude e posicionamento ideológicos perante a mesma? É verdade que esse preconceito, cuja semente está no desconhecimento do que é o pensamento anarquista, é produto de um processo construído pelas elites e seus tentáculos subordinados como o estado, suas instituições e os meios de comunicação. Processo que deixa os povos distantes e desinformados em relação aos movimentos sociais que nascem no interior dos mesmos povos, colocando-nos antolhos que só permitem a visão mentirosa e distorcida a respeito de tais movimentos, visão ensinada nas escolas, na mídia e que é vomitada pelos políticos. Mas o que deve fazer o anarquista preocupado com uma reação equivocada e preconceituosa, ao mesmo tempo que busca a inserção social, manifestar-se e difundir os ideais libertários? Ocultar sua ideologia, repensá-la, atualizá-la aos dias de hoje?



O antigo modelo de prática do anarquismo objetivava a organização especificamente anarquista, assim como no Brasil no início do séc. XX havia ênfase na inserção sindical de modo a construir as bases de uma revolução de caráter anarquista. Hoje o modelo também assume outras direções, não apenas para o anarquismo mas para a resistência anti-capitalista em geral. O exemplo mais significativo é o EZLN, um exército inicialmente de caráter marxista-leninista que ao tentar aplicar suas idéias sem considerar a realidade daqueles índios do sul do México, viu formar-se uma barreira entre ambos. Os índios não compreendiam todos aqueles princípios importados da Europa, e para eles isso pouco importava pois o que queriam era ajuda para construir soluções, e não, serem ensinados a pensar e agir de determinada maneira. Hoje, em sua defesa das minorias e dos direitos indígenas, de um mundo em que possam haver vários mundos, o EZLN pede ajuda a toda sociedade civil sem distinção.



A pluralidade ideológica, reivindicando o poder popular, a igualdade e a ajuda ao próximo, é uma importante forma de inserção social de grupos anti-capitalistas atualmente. Para a pessoa que vive em uma comunidade carente não importa se aqueles que se propõe a atuar na mesma simpatizam com essa ou aquela doutrina, o que importa é a ajuda, a prática. Da mesma forma não se pode negar a colaboração de alguém pelo fato deste simpatizar com outras ideologias de esquerda. O importante hoje não é impor ou querer ensinar sua idéia à comunidade, não é a militância caracterizada, o que importa é o militante saber bem o que quer e como se comporta o mundo a sua volta, suas diferenças e particularidades. Aí entra importância da teoria anarquista bem como seu conhecimento.



O fato da inserção social e do trabalho comunitário não caracterizar-se com uma corrente de pensamento determinada não justifica que o anarquista deva deixar de considerar-se como mesmo ou afastar-se da teoria, considerando que para alcançar a revolução social basta apenas fechar com alguns princípios vagos e enxergar no capitalismo seu inimigo. Pelo contrário, o militante anarquista em uma inserção plural, consciente de quem é, do que quer e do que ocorre a sua volta, é o resultado de toda sua bagagem e conhecimento anarquistas. Ele não vai repetir os mesmos erros de outros no passado, sua análise histórica dos fatos impedirá que caia nas armadilhas espalhadas pelo caminho. Não que o anarquismo seja a mais perfeita e infalível entre todas as doutrinas, mas um diferencial anarquista é que ele tem procurado limpar sua visão do mundo de preconceitos, dogmas e vícios, muitas vezes comuns a outros pensamentos, ao mesmo tempo que se esforça em expandir sua visão sobre outras questões que não tinham espaço no passado, atualizando-se ao mundo em que vive. Para aquele que se considera anarquista é essencial que saiba o que é o anarquismo e o que constitui sua história desde os primeiros pensadores até a atualidade. O anarquista hoje não pode negar a base teórica, necessária na formação do indivíduo anarquista conscientemente situado na realidade, com o pensamento direcionado para o que melhor deve ser feito no sentido da revolução popular, construída de dentro da sociedade com destino ao governo popular autogerido.



Não devemos ter medo de ser anarquistas, é necessário que lutemos para divulgar o pensamento e gritemos cada vez mais alto para que nossa voz seja ouvida. Cada vez mais pessoas precisam saber quem somos e o que temos para falar, devem saber de nós, e não do sistema. Para isso é importante a coesão e a fortificação de nossos vínculos, tanto ao nível local quanto em relação às diversas regiões do país onde estamos presentes, tornando nossas ações mais eficientes, divulgando e publicando cada vez mais nossas idéias. É importante estarmos politicamente organizados, com programas e objetivos bem definidos. Sempre atentos às mudanças práticas constantemente em movimento, devemos divulgar, estudar e ter o anarquismo em nosso pensamento, mas a ajuda e o contato social devem ser abertos e não carregar bandeiras, é aí que a anarquia será nossa bússola, porque o anarquista divulga através da prática. Hoje a responsabilidade do anarquismo é bem maior, na base e formação do caráter do indivíduo, pois o sistema capitalista atua muito mais sutilmente, não bastando apenas estar organizado, mas que as práticas condigam com o pensamento.



Não podemos abdicar de nossa ideologia, pois infelizmente ainda não existem as condições sociais e políticas para isso. Enquanto existir governo e capitalismo deve existir anarquismo.




Coletivo de Estudos Anarquistas Domingos Passos. Niterói, 2001





 






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